O Turismo é considerado a indústria da Paz. Porquê? Porque, de facto, para que se desenvolva de forma harmoniosa, o Turismo precisa de paz e de segurança.
Salvo raras e desonrosas exceções de meia dúzia de malucos que querem ir passear para o meio de uma guerra, não há nada que mais assuste quem vive do turismo ou quer fazer turismo que uma situação de risco, insegurança, terrorismo, violência, epidemias, desastres, naturais ou não.
É por isso que, sempre que há algo que perturbe a paz ou a segurança de um determinado local, as receitas do Turismo ressentem-se. Cidades a abarrotar de turistas viram desertos de um dia para o outro, se lá houver um atentado terrorista, manifestações violentas, desastres naturais com consequências graves, aumentos de crimes.
Nenhum turista no seu perfeito juízo escolhe viajar para um país em guerra.
Mas diz-se que o Turismo é a indústria da Paz também porque esta atividade, que põe em contacto gente de uma região, país, continente ou cultura, com gente de outra região, país, continente ou cultura, por vezes bem diversa, precisa que as pessoas se entendam para que funcione.
O Turismo, com todos os seus defeitos, é uma atividade que obriga naturalmente a que pessoas diferentes se entendam e até, em certa medida, aceitem as diferenças entre si.
Sei que esta é uma imagem algo idílica do Turismo, até porque quem viaja para um resort all included na costa africana, nas Caraíbas, em Cuba, no México, em muitos países asiáticos, e até em alguns locais mais pobres e complicados da Europa, pouco mais fica a conhecer que o aeroporto e o resort que escolheu. A muitos turistas não lhes interessa nada, mas mesmo nada, saber que, ao lado do seu resort ou hotel mais ou menos luxuoso, há gente a passar fome ou a viver sob regimes ditatoriais, crianças a serem exploradas, etc, etc.
Também não vou, aqui e agora, discutir a diferença entre turista e viajante.
Partamos do princípio, então, que, no geral, o Turismo é a indústria da Paz.
As motivações para viajar são muitas e, cada vez mais, cada pessoa pode ter várias motivações para o fazer. Ou seja, não vem ao Algarve apenas por causa do sol e da praia, também quer jogar golfe, fazer caminhadas, ter experiências diferentes no interior ou degustar os vinhos e a gastronomia.
Ora, a Pastoral do Turismo, que a nível regional e nacional até é dirigida por um padre algarvio, Miguel Neto, que às vezes (quando tem tempo…) é colunista do Sul Informação, considera que a nossa região pode acrescentar mais uma motivação para cá vir: o Turismo Religioso.
Em Portugal, há um local que vive quase única e exclusivamente do Turismo Religioso: Fátima. Aí, a expressão deste mercado é forte e é mesmo o motor de toda a economia.
Mas, pelo país fora, há cada vez mais festas religiosas ou locais ligados à religião que se assumem como atrativos importantes para cada terra. Assim de repente, estou a lembrar-me das Festas da Senhora da Agonia, em Viana do Castelo, que têm vindo a ser promovidas, nos últimos anos, também como cartaz turístico, ou o Convento de Cristo, em Tomar, envolto em lendas e misticismo.
Pois, hoje e amanhã, em Fátima, haverá um encontro internacional sobre o Turismo Religioso, em que participa precisamente o padre Miguel Neto. A minha jovem colega Mariana Carriço, que até já fez uma excelente reportagem sobre os Homens do Andor da festa da Mãe Soberana, falou com o padre Miguel sobre o potencial deste novo tipo de turismo no Algarve, como se pode ler aqui.
Na nossa edição do Alentejo, esta manhã damos a conhecer a mais recente obra de um homem extraordinário: o comendador António Silvestre Ferreira, que trouxe para Portugal as uvas sem grainha, produzidas na sua herdade do Vale da Rosa. Pois este senhor, que poderia estar, como se costuma dizer, a gozar os rendimentos de um empreendimento bem-sucedido e inovador, tem profundas preocupações sociais.
Preocupa-se com a sua terra – Ferreira do Alentejo -, preocupa-se com os seus trabalhadores, portugueses e estrangeiros, a quem quer dar condições dignas de vida, que vão mais além dos salários decentes, e sobretudo boas razões para se fixarem por lá. Para isso, criou a Fundação Vale da Rosa, como se pode ler aqui em mais detalhe.
Eu tive o prazer de o conhecer pessoalmente em Outubro passado, quando acompanhei a embaixada alentejana do Festival Terras sem Sombra a Viena (Áustria), da qual ele fazia parte, e fiquei impressionada com a sua simplicidade, sagacidade e bom humor.
Já que estamos a falar do Alentejo, dou-lhe conta de duas notícias que publicámos ontem sobre temas da região: em Odemira, o Município distribuiu 1 milhão de euros de apoios a projetos culturais de associações e artistas locais. É obra!
Na Vidigueira, a terra do Vinho da Talha, vai nascer um festival que alia esta forma milenar de fazer vinho à gastronomia alentejana. Dois patrimónios que só têm a ganhar com esta aliança.
Voltando ao Algarve: marque já na sua agenda a estreia, a 1 de Março, de um documentário sobre os cravos que, há quase 50 anos, viajaram de Tavira para os canos das espingardas e metralhadoras dos militares que participaram na Revolução do 25 de Abril, precisamente conhecida como Revolução dos Cravos. Leia mais aqui.
A terminar, dou-lhe conta do concurso "Três Minutos de Tese", destinado a doutorandos e futuros cientistas, que a Universidade do Algarve acaba de lançar. Curiosos? Os pormenores estão aqui.
A semana aproxima-se do fim e a meteorologia promete, a partir de hoje, tempo mais frio, com chuva (e neve nas serranias do Centro e Norte). Ou seja, tempo do Inverno em que estamos.
No Algarve, como sempre (infelizmente…) choverá pouco, talvez hoje, no domingo e na segunda-feira. O único sítio onde deverá haver chuva desde esta quinta-feira e nos próximos quatro dias, é Monchique. Mas as temperaturas, apesar de mais baixas que nas semanas anteriores, não serão tão baixas que tragam neve.