O mercado semanal aos sábados é sem dúvida um dos mais animados fóruns de convívio e intercâmbio de relações sociais nesta cidade de Tavira. E aí que encontramos amigos com que habitualmente não privamos, vindo á baila, após os obrigatórios cumprimentos, assuntos guardados no paiol dos pendentes. E hoje, uma vez mais, o imprevisto encontro deu azo a uma breve troca de opiniões, desta vez sobre a essência de Tavira, a sua ligação ao mar e o declínio em que entraram as nossas tradições marítimas. E foi a nossa breve conversa com o "mestre" Rogério, o patrão do "Praia de Cabanas" que nos fez agarrar na pena e vir aqui lançar este grito de alerta que pretende despertar as entidades competentes para a urgência de não deixar perder na voragem do tempo o que foi a multisecular vivência das gentes de Tavira.
O "Praia de Cabanas" última embarcação tradicional de pesca local, aí está, atracada vai para três anos, sobrevivendo às agruras do tempo mercê da dedicação do seu Mestre. Adivinha-se mais um cadáver a apodrecer numa qualquer margem do Gilão, sem outra serventia que não seja o alimentar a saudade do seu Patrão - o Mestre Rogério. E, porventura, o lamento de alguns que têm apreço pelas coisas do mar e suas gentes.
Salvar este icon naval de Tavira é uma obrigação cidadã.
Rui Cabrita | Facebook