E o comboio apitou
De "torresmos" se chamava
Apinhado como sempre
A malta desembarcou
Vinha de Lisboa devagar
Sem pressa de chegar
Quando não parasse
E viesse outro para empurrar
Mas fica a memória das bifanas
Que na Funcheira tinha de parar
E continuando seu destino
S. Marcos cheirava a Algarve
E a "chauffage" sem trabalhar
O frio do Alentejo já era
O mar já se avistava
Da janela que não trabalhava
Mas só a alegria de chegar
E de um coração para apertar
Valia toda a saudade
Que o "torresmos apressado"
Moía a nossa paciência
Num terço dos nossos dias
… e já era parte de nós
Que não mudava a generosidade
Da Cultura algarviada
Nem movia inveja de civilização
Nas distâncias bem marcadas
José Estêvão
Fevereiro 1984
