APEOralidade apresenta o livro de Adivinhas Portuguesas, de José Ruivinho Brazão, em Loulé e Albufeira.
A Associação de Pesquisa e Estudo da Oralidade (APEOralidade) acaba de publicar Adivinhas Portuguesas Recolhidas no Algarve – do imaginário de um povo que mantém viva a partilha em jogo adivinhístico, de José Ruivinho Brazão.
A obra é prefaciada pelo Professor Doutor Arnaldo Saraiva, da Universidade do Porto, que fará a apresentação a 11 de maio, pelas 18:30 horas, na Biblioteca Municipal Sophia de Mello Breyner Andresen, em Loulé; e no dia seguinte, 12 de maio, pelas 17:00 horas, na Biblioteca Municipal Lídia Jorge, em Albufeira.
Arnaldo Saraiva, que acompanhou este estudo em todo o seu percurso realça que J. Ruivinho Brazão "(…) conseguiu reunir o maior número [de adivinhas] que já alguém recolheu em Portugal, não a partir do que foi publicado, até em etnografias, mas diretamente da boca de muitos algarvios (…)". "Mas o mérito desta recolha", acrescenta, "não vem só da extensão: trata-se de uma recolha recente, que prova que as adivinhas não são textos só dos tempos antigos (…)" e "dá conta, creio, de todas as modalidades temáticas e formais das adivinhas portuguesas."
Com mais de mil adivinhas, apresentadas por ordem alfabética, esta obra surpreende, à partida, pelo seu formato de 21x21cm e pela ilustração, assinada por Luís M. Santos e Rui Lopes, alunos do curso de Design e Comunicação da Escola Superior de Comunicação e Educação (ESEC) - Universidade do Algarve (UAlg), sob orientação da Professora Doutora Joana Lessa.
Note-se que o seu interior revela a riqueza do património imaterial e coloca a nu um trabalho único, onde tempo, labor e carinho caminham de mãos dadas, na escuta e transcrição dos testemunhos e na descoberta da riqueza e diversidade estética e cultural do corpus adivinhístico.
Ao longo da obra, o leitor poderá encontrar nas suas 299 páginas uma harmonia que resulta da conjugação de texto e notas, sempre enquadradas pelo percurso, estratégia e critérios adotados na recolha e transcrição, seleção e decisão das modalidades formais.
José Ruivinho Brazão persegue e desvenda a retórica da adivinha, pondo a descoberto a poética e o puro prazer que a envolvem; a presença da mulher e a expressão da pessoa sem reservas; a engenharia das letras e dos números.
No remate da obra, dois apêndices que reúnem uma breve seleção de adivinhas transcritas. O primeiro é conseguido a partir de três edições portuguesas de Augusto Pires de Lima, José Moutinho e Manuel Viegas Guerreiro; o segundo, a partir de duas edições da Galiza, uma de Paco Martín e outra de José Luis Gárfer e Concha Fernández.
Encerram a publicação índices de ordem alfabética, funcionais auxiliares de leitura e criação da autoria de Carita Vieira: índice de informantes; índice por soluções; índice por soluções – casos especiais e índice temático. A obra poderá ser adquirida através do email: apeoralidade@gmail.com.
Refira-se ainda que a APEOralidade, nascida em 2002, tem por objetivo a investigação e o estudo da tradição oral, uma ação que decorre desde 1994, centrada nos microcampos de Paderne e Boliqueime, com apoio das respetivas Câmaras: o produto dirige-se de imediato às Bibliotecas Escolares e à pedagogia. Em todo o percurso, o investigador envolve os dadores dos saberes da Tradição Oral e, sobretudo, as que designou por "Moças Nagragadas".
Livro de Adivinhas Portuguesas recolhidas no Algarve apresenta-se (regiao-sul.pt)