| O comboio só chegou a Portugal e às suas regiões muito tarde, quando se compara com a maioria dos países da Europa Ocidental. Se a primeira linha de comboio foi criada em Inglaterra, em 1825, em Portugal, o primeiro troço, entre Lisboa e o Carregado, só entrou ao serviço em 1856. E depois, o caminho de ferro chegou a Faro em 1889 e a Vila Real de Santo António em 1906. Só 16 anos depois, em 1922 (comemorámos este ano o centenário) a ferrovia chegou a Lagos. Foi, portanto, um longo e penoso caminho para instalar o transporte ferroviário no nosso país. Mas o comboio chegou a muitos locais, ajudando a tornar o país mais pequeno e as mercadorias a circular. No entanto, a partir dos anos 80, em Portugal (e um pouco em toda a Europa), pensou-se que o transporte rodoviário, mais flexível, seria o futuro. Isso, misturado com o pouco amor que o poder central sempre demonstrou pelas regiões (pela província, como se dizia antigamente), levou a que, desde esses anos 80, centenas e centenas de quilómetros de linha do caminho de ferro tenham sido desativados no nosso país. Parte dessas linhas já nem sequer existe, os carris metálicos foram levantados e vendidos a peso, as chulipas foram vendidas, queimadas ou simplesmente deixadas a apodrecer. Com sorte, algumas das antigas linhas transformaram-se em ecopistas, que se podem percorrer a pé ou de bicicleta. Nas linhas que sobreviveram, durante anos pouco ou nada se investiu, quer na infraestrutura ferroviária em si, quer no material circulante (carruagens e locomotivas). Ao mesmo tempo, foram construídas em todo o país centenas de quilómetros de novas autoestradas. Algumas delas foram até apregoadas como sendo Sem Custos para o Utilizador (as famosas SCUT), incentivando, portanto, o transporte rodoviário, fosse a título privado, fosse de empresas. Hoje, com cerca de 3.065 quilómetros de extensão total de autoestradas, Portugal tem a 4° maior rede de autoestradas na Europa, estando apenas atrás de países como Espanha, Alemanha e França. É ainda o 2º país europeu com a maior rede de autoestradas por habitante, estando somente atrás da Espanha. Mas a escassez de combustíveis fósseis, o aumento galopante dos seus preços, as dificuldades de abastecimento, recentemente agravadas, o advento das questões do efeito de estufa, das emissões poluentes, da necessidade de descarbonização da vida e da economia, das alterações climáticas, e até um certo revivalismo de viagens mais demoradas, tudo isso levou a que o transporte ferroviário, para passageiros e mercadorias, voltasse a ser apontado como o mais equilibrado e, portanto, aquele onde os investimentos deveriam ser concentrados. Essa viragem já começou. No Algarve, por exemplo, estão finalmente a avançar as obras para a eletrificação da linha, mais avançadas entre Faro e Vila Real de Santo António, mais atrasadas entre Tunes e Lagos. Não se vislumbram, para já, mudanças no traçado, que data, como se viu acima, de finais do século XIX e inícios do XX, tendo então sido escolhido devido a interesses que hoje já pouco ou nenhum sentido fazem. Mas o Plano Ferroviário Nacional, como revelámos há dias, prevê aproximar a linha dos comboios à realidade atual da região do Algarve. Esta manhã, continuando a sua profunda análise ao Plano Ferroviário Nacional que o Governo aprovou na semana passada e vai agora para discussão pública, o Hugo Rodrigues dá-nos conta das novidades que esse documento estratégico prevê para o Sul do país, nomeadamente para o Alentejo e o Algarve. Levantando um pouco a ponta do véu, prevê-se a diminuição do tempo da ligação entre Lisboa e Faro e entre a capital e Beja, por exemplo. Mas também se aventa a hipótese de criar um novo eixo ferroviário que ligue Évora a Beja e ao Algarve. Quer saber mais? Clique aqui para ler, que o Hugo explica tudo tintim por tintim. De ontem, chegam-nos várias notícias importantes, que, se calhar, ainda não leu com a devida atenção. Para já, a de uma mega operação das autoridades policiais no Alentejo, para acabar com uma rede de tráfico de imigrantes, usados quase como escravos na agricultura intensiva que tem invadido os campos alentejanos. Num país de emigrantes como nós somos, depois de tantas notícias e histórias sobre portugueses explorados e maltratados em várias paragens por essa Europa fora, enche-me de especial vergonha saber que há quem, por cá, faça o mesmo a pessoas de várias nacionalidades que vieram para Portugal em busca de uma vida melhor. E nem vale a pena dizer que os responsáveis por este vergonhoso tráfico humano são estrangeiros (alguns são, de facto), porque há muitos portugueses envolvidos nisto. Vergonha! A Ordem dos Advogados, que desde a situação de Odemira, se envolveu nesta questão que tem a ver com direitos humanos, já veio a público dar a sua visão sobre a situação. Numa perspetiva bem mais leve, o Sul Informação deu também conta, ontem, dos restaurantes algarvios agraciados com as estrelas Michelin. Não houve grandes novidades, a não ser no caso de um restaurante de Tavira, que passa a poder ostentar um galardão aparentado. Leia aqui para conhecer todos os pormenores. Ainda no campo das boas notícias, soube-se que, em Vale de Lousas (Silves) a água, de qualidade, já voltou às torneiras, enquanto continuam as averiguações para saber o que causou a cor vermelha que foi detetada no domingo passado. Saiba aqui o que explica a Câmara de Silves sobre este estranho caso. A fechar, a boa notícia do regresso dos Ornato Violeta ao Algarve, mais concretamente ao palco do Teatro da Figuras, em Faro. Ontem ainda havia bilhetes... Tenha uma boa quinta-feira com o Sul Informação! E não se esqueça que ainda pode comprar a DOIS nas bancas de todo o país:  |