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08 abril, 2024

Passos Coelho apresenta livro “anti-progressista”

Fernando Veludo / Lusa

Pedro Passos Coelho apresenta, esta segunda-feira, em Lisboa, um livro escrito por 22 personalidades de direita conservadora – contra várias "iniciativas" que têm "lesado a instituição Família".

O livro "Identidade e Família" – escrito por 22 autores conversadores – vai ser apresentado esta segunda-feira na Livraria Buchholz, em Lisboa.

A iniciativa surgiu por parte do Movimento Ação Ética (MAE) – coordenado por António Bagão Félix, Victor Gil, Pedro Afonso e Paulo Otero – e contou com a participação de várias personalidades de direita conservadora.

A apresentação está a cargo do antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

Como nomeia o Expresso, o livro "Identidade e Família" é uma espécie de "manifesto anti-progressista".

De acordo com o semanário, os autores insurgem-se contra várias "iniciativas" que têm "lesado a instituição familiar" – dando, como exemplos, a eutanásia, o aborto, a ideologia de género, ou o casamento entre casais homossexuais.

"Não podemos desvalorizar os adversários da família, umas vezes mais à luz do dia, outras vezes de um modo mais subtil e larvar, mas nem por isso menos dissolvente", pode ler-se na introdução, a propósito da ideologia de género.

Continuando a incidir no tópico suprarreferido, os autores descrevem-no como um "comprometedor do desenvolvimento humano".

"Sem qualquer base científica, esta ideologia defende que o género é construído apenas pela identidade psicológica de género do indivíduo, negando ou relativizando totalmente a identidade biológica. (…) Estamos perante um movimento ideológico com impacto na família, na educação, na socialização, na comunicação. A ideologia de género não é promotora da liberdade ou acolhedora da diferença".

A um certo ponto Pedro Afonso chega mesmo a associar a ideologia de género a "várias patologias psiquiátricas" – como cita o jornal.

Por seu turno, João César da Neves, um dos autores do livro, demonstrou ceticismo quanto às reivindicações das mulheres para a igualdade.

O economista da Universidade Católica de Lisboa questionou o facto de a Mulher ter sido, em algum momento, verdadeiramente oprimida e desprezada, argumentando que existiu sempre em maior número e nunca se queixava.

"Esta convicção é estranha por duas razões. A primeira é que as mulheres sempre foram a maioria da população, o que torna insólito que sejam dominadas pela minoria masculina. O segundo motivo é que essas senhoras, alegadamente tiranizadas, nunca se queixavam ou manifestavam o seu desagrado".

Em entrevista à TSF, António Bagão Félix critica o "individualismo excessivo", que está a pôr em causa a coesão e as bases familiares.

"A família é um bem público. A família, na hipertrofia em que vivemos, é quase sempre sacrificada. No Estado, a família é vista como um sujeito pagador de impostos. No marketing, é vista como uma entidade de consumo. No espetáculo mediático, o que é notícia não é o sucesso da família, mas o seu fracasso", expõe o antigo ministro das Finanças (2004-2005) e do Trabalho (2002-2004).

Apesar dos muitos temas atuais – e em debate no plenário – que o livro aborda, Bagão Félix rejeita ligações com o momento político atual: "A análise que se quer fazer do livro não é uma análise do momento político, nem de uma perspetiva política, mas sim de uma perspetiva alargada e abrangente".

Miguel Esteves, ZAP //



(Nunca escondeu ao que vem...)