A história de como começou a ser celebrado o Dia das Mentiras pode até nem ser verdadeira. O que se conta, e já se sabe que num "conto acrescenta-se sempre um ponto", é que a brincadeira começou no século XVI e por um motivo sério. Até então, o Ano Novo era comemorado a partir do dia 25 de março e até ao dia 1 de abril. O sistema era falível, porque não tinha em conta a rotação da Terra.
O Papa Gregório XIII sugeriu a atualização do calendário, criando-se assim o atual, que estabelece o primeiro dia do ano a 1 de janeiro (o atual calendário gregoriano). Em 1563 (mais ano, menos ano) o rei francês Carlos IX propôs que essa mudança fosse efetiva, com todos a dizerem adeus ao ano antigo no último dia de dezembro.
Uma parte do povo não concordou com a mudança e continuou a celebrar o novo ano em abril. Viraram chacota dos modernos - eram "os tolos de abril". Assim nasceram as partidas do dia 1 (para fazer troça dos que não cumpriam o novo calendário). Chegados ao século XXI, nem é preciso que seja abril para que aquilo que parece ser afinal não seja.
Tome-se como exemplo os mais recentes apoios do Governo luxemburguês ao setor imobiliário. O que parecia ser uma boa notícia pode transformar-se em má nova, com o FMI a alertar o Grão-Ducado que esta medida pode fazer disparar o preço das casas . Na mesma altura, um estudo do Liser aponta que são as mulheres, sobretudo as mães sozinhas com filhos, quem mais tem dificuldade em sobreviver à inflação no Luxemburgo. E o preço da habitação é o que mais pesa no orçamento destas famílias.
Sobre o tema, leia a entrevista de Yuriko Backes ao Contacto. A ministra diz que "ainda há muito por fazer" no combate a estas desigualdades. Mas não se compromete: "Adotar medidas mais específicas, em termos de habitação, é mais difícil", admite.
Novidade de abril e que podia ser mentira: o primeiro dia deste novo mês traz o regresso do IVA a 19% no gás e no aquecimento urbano à Alemanha. Mas hoje os alemães também celebram a legalização da posse e cultivo controlado de canábis. A lei entrou em vigor à meia-noite. Pode ler aqui tudo o que mudou a partir dessa hora no Luxemburgo, Bélgica e em França.
Segunda-feira é dia de ler a crónica do jornalista Luís Pedro Cabral. "O fim ainda agora começou" ou os primeiros capítulos do novo Governo português que toma posse já amanhã.
E porque hoje é 1 de abril, os Fleetwood Mac e as suas Little Lies. A ser mentira, que seja doce.