E é precisamente em redor do conteúdo político-sindical que os sindicalistas socialistas e independentes avançam com algumas críticas, lembrando que no Conselho Nacional da CGTP/IN do passado dia 25 de janeiro houve, da parte da corrente socialista, a apresentação de algumas propostas de alteração da resolução quanto à forma de apelar ao voto nas eleições de 10 de março que, "embora recusadas democraticamente", ilustram de forma evidente, como referem, que a "pluralidade de posições" foi "total e sectariamente descartada pela maioria", deixando apenas um texto em que se limita a "veicular um apelo ao voto no PCP/CDU".
Esta é para os sindicalistas socialistas da CGTP/IN claramente uma posição "inaceitável", insistindo uma vez mais que o texto aprovado "desprezar a pluralidade político-sindical da Central" e que apenas refle a "perspetiva limitada da Corrente Sindical do PCP, que confronta o princípio da unidade".
Mas outras críticas são igualmente avançadas pela corrente socialista, lamentando, designadamente, que neste Guião haja uma "crítica aberta e despropositada" aos partidos políticos devido às suas propostas de salário mínimo nacional, com a CGTP/IN a "substituir-se à natural luta político-partidária que deve decorrer entre os partidos políticos no quadro do normal combate partidário", uma posição que, salientam, "fere o princípio fundador da CGTP/IN, o da unidade".
Votar à esquerda
Neste comunicado, os socialistas e independentes que exercem função sindical na CGTP/IN apelam aos trabalhadores e pensionistas para que votem à esquerda nas próximas eleições legislativas de 10 de março, um apelo, como assinalam, que não pretende interferir "no direito à liberdade de cada um", mas que é, contudo, um reflexo lógico de "um ato de coerência" perante um projeto sindical "unitário, democrático e de esquerda", que aconselha, "até perante os problemas económicos e sociais existentes", que seja a esquerda a governar o país, "porque a direita só os saberia agravar".
Apelam, por isso, a "todos os partidos de esquerda" para que, após as eleições legislativas, "independentemente da sua representatividade parlamentar", confluam para a constituição de um Governo democrático das esquerdas, "única forma de resolver os problemas económicos e sociais e combater eficazmente a direita e a extrema-direita".
As reivindicações e a luta dos sindicatos, lembram, sempre se balizaram pelo princípio de um sindicalismo em defesa dos interesses da classe trabalhadora, "contra o patronato, contra as políticas de direita e dos governos de direita e não contra os partidos políticos das esquerdas", lamentando, por isso, o apelo solitário do voto "direto ou indireto num partido político em concreto". Uma escolha que, dizem, vem "desrespeitar a larga maioria dos trabalhadores associados aos sindicatos da CGTP/IN que votam de forma plural nos partidos das esquerdas".
É ainda lembrado que o espaço de intervenção e de influência da CGTP/IN "vai muito para além deste ou daquele partido político", estando "alicerçada nos locais de trabalho, onde existem trabalhadores de todos os partidos, unidos para alcançarem melhores direitos e salários", sendo que a sua ação, como também é assinalado, por se tratar da maior confederação sindical de Portugal, "exerce-se em toda a sociedade".
Uma realidade que justifica e reforça a razão, como acrescentam, de que as posições político-sindicais da CGTP/IN se devam pautar pelo respeito por "todas as correntes de opinião que a compõem e lhe dão força".
Neste sentido, é preciso continuar a trabalhar para que a GCTP/IN deixe de "afunilar a sua ação" e de se manter dependente de um partido político, uma atitude, como assinalam os sindicalistas socialistas e independentes, que "não serve nem Portugal nem os interesses da classe trabalhadora", afirmando-se sempre como a "mais representativa confederação de trabalhadores em Portugal, plural, democrática, independente, solidária e autónoma".