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15 março, 2023

Viagem pelo mundo da animação - 'Tá de Levante




 Elisabete Rodrigues 

Viagem pelo mundo da animação

Olá, bom dia!

O cinema de animação sempre fez parte da minha vida – assim como a banda desenhada. Lembro-me de ver, no já demolido Cinema de Lagoa, que era explorado pelo senhor Júlio Raposo, amigo do meu pai, filmes da Disney como «Branca de Neve e os Sete Anões» ou «Cinderela». 

Em Lagoa, nesses tempos (fins dos anos 60, início dos anos 70), a maior parte dos filmes eram exibidos meses, às vezes anos (muitos anos…) depois da sua estreia em Lisboa e no resto do mundo. A Branca de Neve, por exemplo, era de 1937…e eu só o vi pelo menos 30 anos depois

Na televisão, havia o Bip Bip, o Tom e Jerry, o Pato Donald, a Betty Boop, o Bugs Bunny, o Calimero («It’s an injustice, it is!», choramingava o pintainho preto com metade de uma casca de ovo na cabeça). 

Depois do 25 de Abril de 1974, descobri, com os programas do Vasco Granja, mas também com a programação regular da RTP, muitos outros bonecos e realizadores, às vezes vindos de geografias bem distantes ou até então proibidas, como a União Soviética, a então Checoslováquia, etc.

Houve depois o sucesso das séries de desenhos animados produzidas no Japão, mas com histórias ocidentais, como «Heidi» ou o «Marco». Muita gente chorou baba e ranho à conta das desventuras do miúdo italiano que não havia meio de encontrar a sua mãe…

Mais tarde, descobri o Festival de Cinema Internacional do Algarve, que acontecia todos os anos na já desaparecida sala de cinema do Hotel Alvor, pela mão de um comissário de bordo da TAP, que se chamava Carlos Manuel. Esse FICA trazia a Alvor, nos anos 80, 90 e ainda no início deste século, o que de melhor se fazia, em Portugal e no resto do Mundo, em termos de curtas-metragens, nomeadamente de animação. 

Foi com o FICA que descobri valores portugueses como Abi Feijó

Depois, penso que com o Cineclube de Faro, vi filmes de animação de José Miguel Ribeiro (A Suspeita, de 1999) ou de Pedro Serrazina (Estória do Gato e da Lua, de 1995). 

Devo dizer, para escândalo de alguns, que nunca vi alguns filmes de animação de origem norte-americana, como «Nemo», «O Rei Leão» ou «Toy Story». Quando estes filmes foram lançados, o meu filho já era crescido demais para gostar deles…e assim eu não era obrigada a vê-los. Muito menos vi «Frozen» e outros mais recentes.

Mas vi, com prazer, «Ant Z» ou «Shreck», nas versões originais, para não perder as falas dos atores cuja voz se reconhece. 

O FICA, a que me referi acima, morreu, por várias razões, uma delas pela proverbial falta de visão das entidades públicas algarvias que nunca perceberam que cultura, para mais em época baixa, é estratégica para uma região turística como a nossa…

Tenho pena que o FICA tenha acabado e não tenha deixado sucessores, porque talvez aí pudéssemos ver a curta de animação «Ice Merchants», do João Gonzalez, o primeiro filme português de sempre a ser nomeado para os Óscares.

Não ganhou, é certo, mas meteu o pé na porta das grandes produtoras americanas e não só, em nome próprio e do cinema de animação português.

E este tem dado mostras de vitalidade, inclusivamente no Algarve. Um filme de quatro jovens alunos da Universidade do Algarve, com o curioso nome de “A Semente que Palpita”, foi grande vencedor do prémio “Sophia Estudante” na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação. A minha camarada Mariana Carriço foi falar com dois dos criadores desta curta e conta aqui o que eles lhe disseram. 

Esta manhã, do Alentejo, chega-nos uma notícia que tem um pouco a ver com o que falei antes, já que se refere a banda desenhada. É que a coleção de autores portugueses do Museu de Banda Desenhada de Beja (já visitou?) vai agora ser apresentada em Lisboa, num outro museu, o Bordalo Pinheiro. 

Haverá por lá pranchas dos mais conhecidos e originais autores de BD nacionais, atestando a qualidade da coleção do museu alentejano.

Foi também de criatividade, mas a outro nível, que lhe falámos ontem à tarde: o consórcio Vertical Algas, que integra 38 entidades do país, 11 das quais do Algarve, lideradas pela empresa algarvia Necton, vai criar novos produtos, processos e serviços sustentáveis a partir de algas. 

O projeto, que é financiado pelo famoso PRR, terá o seu arranque no dia 27 de Março, em Faro, como aqui contamos em pormenor. 

Hoje é quarta-feira, 15 de Março, Dia Mundial dos Direitos do Consumidor. 

Num tempo em que surgem fundadas suspeitas de que há quem esteja a ganhar muito dinheiro invocando a inflação e a guerra na Ucrânia para justificar margens de lucro fabulosas, parece que os direitos do consumidor estão cada vez mais em causa

E nem todas as campanhas fofinhas de hipermercados e outras grandes empresas podem esconder este desrespeito pelos direitos dos consumidores que, afinal, somos todos nós! 

Apesar de tudo, tenham uma boa quarta-feira, sempre na companhia do seu Sul Informação!  


Sul Informação - 15 de Março de 2023