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21 março, 2023

O selo sustentável do Alentejo

A sustentabilidade energética está na ordem do dia por motivos menos positivos. Infelizmente são precisos contratempos para acelerar as tendências. O Alentejo apresenta-se como sendo uma região bastante favorável para a produção de energia limpa. Por um lado, graças ao sol. No período estival, o calor e o céu limpo marcam a paisagem, e por todo o Alentejo há enormes parques solares, que para além de abastecerem energeticamente quem os instalou deveria, numa ótica de solidariedade, abastecer quem com menos recursos não se pode equipar de painéis. Também a água, que em anos de chuva como este, potencia energia hídrica, através do maior lago artificial da Europa, o Alqueva. Para além das boas práticas sustentáveis, a aposta nesta energia irá trazer grandes investimentos e emprego qualificado. No entanto, existe um "contraciclo entre índice de qualidade do ambiente e índice de competitividade. O Alto Alentejo é a sub-região do país com melhor índice de qualidade ambiental, mas é a terceira menos competitiva. O Alentejo Litoral é das piores do país mas bastante competitiva" (Balão, 2020). Isto explica a lógica mercantil da sociedade.

O despovoamento traz menos indústria logo melhor qualidade de vida, mas não havendo emprego não há população. Uma vez mais seriam precisas políticas públicas que captassem investimentos. A ampliação das áreas do regadio podem trazer mais investimentos agrícolas. Cada vez mais a agricultura em Portugal é mecanizada e sustentável, e com um controlo do território de forma a evitar o uso abusivo dos recursos hídricos novas formas de agricultura poderão ser introduzidas.  Também nestas áreas mais "clean" deviam-se aproveitar as práticas culturais e ancestrais. Existe no Alentejo muito ofício antigo que se está a perder. A olaria em São Pedro do Corval, os tapetes de Arraiolos, o boneco de cerâmica de Estremoz. São tudo exemplos de artes que com o apoio do estado central na criação de cursos profissionais que colocassem estes jovens a aprender nas oficinas locais, permitia a conservação desta atividade e a internacionalização da região.

Portugal nos últimos anos tem vindo a tornar-se cada vez mais dependente do Turismo, e apesar de este trazer várias consequências negativas, das quais podemos logo destacar o encarecimento da vida nas principais cidades, este apresenta, principalmente para regiões menos dinâmicas do ponto de vista empresarial, uma grande oportunidade. O Alentejo tem sido uma região de forte incremento no Turismo. É uma região análoga, praias, serras, Litoral e Interior. Cada vez mais o turista que chega ao Alentejo apresenta um perfil sénior com capacidade de compra. Vem à procura de um bom clima, de uma boa gastronomia acompanhada de bons vinhos e sossego. Praticamente toda a região apresenta um bom clima para a plantação de vinhas e muitos dos vinhos da região são premiados internacionalmente.

Existem muitos projetos turísticos que complementam a sua oferta com passeios pelas suas vinhas, acompanhado por degustações. Temos o caso da Adega Mayor em Campo Maior, uma diversificação do negócio da Delta de Rui Nabeiro como também a Herdade de São Lourenço do Barrocal em Reguengos de Monsaraz. Também para a observação de estrelas chegam muitos visitantes. Igualmente nas cercanias de Reguengos de Monsaraz, o Dark Sky Alqueva permite para além de observar estrelas passeios noturnos de canoa pelo Alqueva. Este lago artificial para além das potencialidades energéticas, veio também introduzir o turismo náutico ao Interior Alentejano. Muitas são as autarquias que têm requalificado as margens do Alqueva para a criação de praias fluviais e por consequência todo o negócio da prática de Padel Surf, e restantes práticas náuticas surgem como complemento.

O turismo sénior acompanhado do envelhecer da população endógena pode constituir um potencial económico, a chamada economia silver, "onde o envelhecimento da população é visto como uma janela de oportunidade para o desenvolvimento de novos serviços na área do bem-estar, do lazer e dos cuidados de acompanhamento e de saúde (Hospers, 2014). Esta abordagem implica investir na mudança transformadora assente em ativos físicos fundamentais, intervindo na acessibilidade pedestre, nos centros históricos ou nas frentes de água; redirecionando a capacidade de produção em prole das indústrias verdes (Mallach, 2010). A saúde com um forte investimento público, como temos exemplo disso agora com a construção de um hospital central em Évora, terá que funcionar mais como prevenção. Há muita literatura acerca da distância ideal para um bom hospital, o que seriam cerca de 30km o que em muitos casos no Alentejo não sucede. Também o setor social desempenha um fator de acompanhamento dos idosos muito importante, não só pelas questões primárias de saúde, mas como pelo seu acompanhamento social.

 

Alexandre Carvalho tem 24 anos e é natural do Porto. Licenciado em Comunicação Empresarial pelo ISCAP, ligado ao ramo do design de interiores e da vertente digital. Interessado pelo panorama da política nacional conta vir viver para o Alentejo, porque se enamorou por uma alentejana | alexandremiguel.c95@outlook.com 



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