Leis para a gaveta

21 Março, 2023 Partilhar . Subscrever Sérgio Alexandre Jornalista RTP

Boa Tarde! Marcelo Rebelo de Sousa reduz pacote do Governo para a Habitação a "leis-cartazes", com duvidosa passagem à prática. Patriarcado de Lisboa afasta quatro sacerdotes no ativo. TAP anuncia lucros líquidos em 2022 e CEO cessante refere "resultado histórico"; trabalhadores pedem retribuição pelo esforço. Jinping fala em paz na Ucrânia e Putin garante estar a ouvir o seu "caro amigo". Macron desdobra-se em contactos para tentar evitar crise política em França.

Demolição     Em poucas palavras, o Presidente da República demoliu as políticas recentemente anunciadas pelo Governo para o setor da Habitação. Para Marcelo, o pacote Mais Habitação é "inoperacional, à partida e à chegada" e, "tal como está", nunca sairá da gaveta.

Expiação     Quatro sacerdotes no ativo foram afastados preventivamente pelo Patriarcado de Lisboa, na sequência da investigação aos abusos sexuais sobre menores, cometidos por elementos do clero. O Patriarcado frisa que "não existe uma acusação formal a nenhum destes sacerdotes". No entanto, ficam assim "afastados do exercício público do seu ministério, enquanto decorrem todas as diligências dos seus processos".

Descolagem     A TAP fechou 2022 com um lucro líquido de 65,6 milhões de euros, o que significa o aumento de quase 1700 milhões de euros em relação ao ano anterior. A empresa consegue resultados positivos antes do previsto no plano de reestruturação. A CEO cessante, Christine Ourmières-Widener, fala "de um resultado histórico".

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil reconhece que os resultados hoje divulgados pela TAP são "muito acima do que era expectável", mas reivindica a quota-parte do esforço dos trabalhadores para o alcance desse marco. O sindicalista Ricardo Penarróias conclui assim que os resultados positivos têm de se traduzir em "algo real, como o fim dos acordos de emergência". A Comissão de Trabalhadores, por intermédio de Cristina Carrilho, emite opinião semelhante.

Positivo... até ver     As ondas de choque causadas pela derrocada do Credit Suisse foram, pelo menos temporariamente, atenuadas pelas garantias da presidente do Banco Central Europeu, com os mercados internacionais a manterem, esta terça-feira, o registo positivo com que fecharam o dia de ontem.

Xi amigo     De visita oficial à Rússia, o Presidente chinês está cada vez mais a posicionar-se como o escolhido por Vladimir Putin para mediar uma eventual negociação internacional de paz para o conflito na Ucrânia. Num tom de grande moderação, Xi Jinping disse ter transmitido ao homólogo a ideia de que  a "maioria dos países apoia a redução da tensão", com Putin garantir ter ouvido com muita atenção as propostas do seu "caro amigo".  Ouvido pela Antena1, o especialista em Assuntos Internacionais Armando Marques Guedes considera "pouco ou nada" plausível a solução Jinping no papel de mediador para a guerra na Ucrânia.

Ambiente de crise     Passadas semanas, nas ruas de França não se veem sinais de abrandamento da contestação sindical e popular à reforma das pensões, especialmente no que se refere à subida da idade de aposentação dos 62 para os 64 anos. A gestão política deste assunto fez alastrar a polémica ao parlamento, onde uma moção de censura multipartidária esteve a poucos votos de conseguir aprovação.

No país de Trump     As autoridades de Nova Iorque estão a preparar-se para os efeitos do apelo à manifestação produzido por Donald Trump. No fim-de-semana passado, o magnata previu a própria detenção esta terça-feira, num caso relacionado com prostituição, e decidiu pedir aos seus apoiantes para que marchem em seu apoio.

À hora a que estou a fechar esta newsletter, Campo Maior presta as derradeiras homenagens ao empresário Rui Nabeiro, falecido no domingo aos 91 anos. O primeiro-ministro e o Presidente da República estão presentes nas exéquias.

A não perder

Memórias da prisão A infame prisão de Abu Ghraib é uma das muitas chagas abertas pela segunda guerra no Iraque, lançada pelo, então, Presidente americano George W Bush, faz agora 20 anos. Hoje a viver de uma pensão por invalidez na Alemanha, Ali Shallal Al Qaisi é um antigo prisioneiro iraquiano torturado naquela prisão. Ao jornalista da RTP José Manuel Rosendo, afirma o desejo de ver Bush Jr. e o britânico Tony Blair responder na Justiça Internacional pelo "mal que causaram ao Iraque, ao Médio Oriente e ao Mundo".