Normalmente, pensamos que "a água engarrafada é mais segura do que a da torneira", contudo esta crença "precisa de ser questionada", adverte a Organização das Nações Unidas (ONU) ao alertar que este setor económico regista uma venda anual de 350 mil milhões de litros de água tratada.
Nas últimas cinco décadas foram registados vários casos de contaminação em centenas de marcas de água engarrafada, segundo o relatório do Instituto para a Água, Ambiente e Saúde (INWEH, na sigla em inglês), situado na Universidade das Nações Unidas, que sustentou a sua pesquisa em cerca de 60 estudos feitos em mais de 40 países, estando Portugal mencionado em pelo menos três.
O nosso país aparece não só em duas pesquisas, uma feita nos anos 1970 referente a um surto de cólera e outra realizada em 2012 que se debruçou sob bactérias resistentes a antibióticos, como consta em relatórios ou estudos globais, tais como o que foi divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a presença dos microplásticos na água, em 2019.
"As empresas de bebidas são adeptas de propagandear a água engarrafada como uma 'alternativa segura' à água da torneira, invocando falhas isoladas do abastecimento público de água", refere o documento ao acrescentar: "Ao mesmo tempo, a água engarrafada raramente enfrenta as mesmas regras rigorosas em termos de saúde pública e ambiental".
A ONU defende que "se o mundo concentrar mais esforços no fornecimento público de água limpa e segura, a produção de água engarrafada pode ser reduzida, o que, por sua vez, levará à redução de resíduos de plástico" ao destacar a importância de se "lidar com a origem do problema e não com as consequências".
Este recente relatório prova que a ideia de que a água engarrafada é uma fonte inquestionavelmente segura de água potável deve ser posta em causa, destacando a possibilidade de estar comprometida "tanto pela origem da água como pelos processos industriais que podem potencialmente ter um impacte na saúde humana".
O cumprimento do objetivo de desenvolvimento sustentável da ONU de fornecimento de água potável segura até 2030 está sob ameaça, segundo o organismo.
