Em Portugal existe uma estranha mania que consiste em ter opiniões sobre tudo e mais alguma coisa: as pessoas que sofrem desse comportamento costumam saber de política, economia, medicina, estratégia militar, culinária, alquimia, meteorologia e, inclusive, obras públicas. O assunto torna-se mais gravoso quando se acha que se pode dizer tudo sem se reflectir e sem se estudar os assuntos com critério e ciência.
Para evitar incorrer nesse comportamento, prefiro reunir o máximo de informação quando falo, e estar calado quando não sei.
Pois bem, não faço a mínima ideia quanto custa a montagem de um palco e nem tenho acesso à documentação para pedir um estudo por parte de peritos. O mesmo se aplica ao resto das obras que preparam o parque das JMJ, por isso confio aos peritos que confrontem essas questões.
No entanto, sei várias coisas:
1. As JMJ irão realizar-se em Portugal, não somente por iniciativa da Igreja Católica em Portugal, mas também por iniciativa e muita vontade dos nossos governantes (nomeadamente do agora ingénuo Prof. Marcelo) que tudo fizeram para conseguir que Portugal fosse o país escolhido para receber as JMJ;
2. Para quem não percebe de economia é bom que perceba que o dinheiro que irá ser gerado (em impostos e em consumo) pela afluência de mais de um milhão de pessoas numa só semana dará para pagar muitas JMJ;
3. Milhares de empresas e comércios irão beneficiar com esta enchente (e fomentar o emprego), factor que irá também contribuir para lutar contra as dificuldades da crise económica;
4. As obras que decorrem junto ao Tejo consistem numa reabilitação daquela zona degradada da cidade, tornando-se uma mais valia urbana e cultural já que vai requalificar o espaço e dotá-lo de condições excelentes para receber os grandes eventos sociais e culturais que já se prevêem para lá;
5. O altar é sobretudo um palco que está a ser preparado para futuros mega concertos daquele parque;
6. Fernando Medina / Duarte Cordeiro deram mais de 10 milhões de euros por ano para à WebSummit, a qual reúne cerca de 70 mil pessoas. As JMJ, na qual se prevê cerca de 1,5 milhões de pessoas, têm um palco adaptado a altar, que custará 4,2 milhões de euros.
7. Existiam outros países interessados em ser os anfitriões das JMJ 2023. Quiçá organizariam as JMJ sem arranjarem tantas confusões e enredos;
8. As JMJ são o melhor meio de publicitar o nosso país a longo prazo já que, caso não se saiba, somos um país desconhecido de grande parte do mundo e muito dependente dos turistas;
9. Há vários anos que se sabe da realização das JMJ em Lisboa e em função da qual a Igreja tem estado a estruturar por todo o país este evento. Porque é que só agora as entidades públicas estão a mexer-se e a recorrer aos ajustes directos? Então o Medina, antes de sair da Câmara Municipal, não podia ter feito tudo com antecedência em vez de deixar para o sucessor ter de fazer em cima da hora?
10. Porque é que se ataca o dinheiro gasto na reabilitação de uma zona pantanosa e decadente que está na entrada de Lisboa mas depois nem piam quando são enterrados 3200 milhões na TAP, outras centenas de milhões na fábrica EFACEC, 1800 milhões na CP, mais uns milhões no Novo Banco, muitos milhares de milhões em estádios de futebol que não são usados…. já para não falar noutras questões em que o erário público patrocina iniciativas de algumas pessoas que nestes meios se têm demonstrado ofendida? No país onde todos os dias se mandam milhões para a rua, agora é que estão preocupados?
11. Parece-me cada vez mais escandalosa a forma cutilante com que os jornalistas portugueses procuram denegrir os católicos… mas nunca beliscando os governantes de quem recebem uma boa maquia do erário público;
12. Ultimamente tenho uma certa dificuldade em responder aos estrangeiros que, cheios de entusiasmo, me perguntam como estão os portugueses a preparar a recepção do maior evento de jovens do mundo. Seria muito mau que eles se apercebessem da mesquinhez de alguns portugueses (as comadres mexeriqueiras da Praça do Tacanho), mas eu prefiro responder com o exemplo de milhares de portugueses que estão a preparar as suas casas, as suas escolas, as suas paróquias e as suas dioceses para darmos o que de melhor nos caracteriza: a hospitalidade da gente lusa! São estes portugueses que fazem e construem Portugal!… enquanto outros ficam entretidos nas mexeriquices da Praça dos Tacanhos!
PRC
Na foto:
O espaço das JMJ como estava antes
O espaço das JMJ em preparação